O clique da morte

Por: Alexandre Gamela
Tempo de leitura: 2 min

Nada dura para sempre e os discos rígidos também não. Pela segunda vez na vida, ouvi o tenebroso clique da morte. Veio súbito, sem acompanhamento musical, apesar de ter uma batida digna dos melhores festivais de música eletrónica que vão enchendo as praias deste país. No espaço de segundos, 900 GB de trabalho ficaram inacessíveis, talvez para sempre.

Previsivelmente, aconteceu na semana em que ia fazer um backup total e uma limpeza, assim como da primeira vez, o que me faz acreditar que a tecnologia ainda é uma criança birrenta a espojar-se no chão na hora de ir tomar banho. Ou então é a Lei de Murphy: o backup que não fizeste ontem vai-te fazer falta hoje. Odeio esse gajo.

O que vale é que há alternativas que permitem continuar a vida com um mínimo de constrangimentos: o smartphone – enquanto não voltar a cair ao chão e ter que comprar outro (nem penses, Murphy!!!) – serviu para resolver muita coisa enquanto não arranjei um portátil de substituição. Até pensei escrever esta crónica lá mas, felizmente para os meus polegares, não foi preciso. A suite da Google, com o armazenamento grátis e os editores próprios, permite-me manter-me em funções e há software open source que posso instalar no provisório e cumprir prazos. Não é a mesma coisa, mas vão ter que dar.

A dependência que temos pelos nossos dispositivos é horrível. Apesar de os usarmos cada vez mais como interfaces para a nossa existência digital, continuam a ser o repositório das nossas vidas, frágeis caixinhas de vidro e plástico inteligentes sem as quais não conseguimos viver. Para já, entreguei o cadáver a um especialista e aguardo notícias. Rezem para que o tal Murphy não se meta. E façam um backup.

A mirar o espelho negro das redes sociais desde ainda antes de haver uma série de TV sobre isso.
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