Review Roomba 980

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 9 min

Os robôs para limpeza doméstica já existem há bastante tempo e têm vindo a evoluir bastante desde que foram lançados no início do século XXI. Apesar desta evolução, têm sido uma tecnologia cheia de potencial, mas que ainda não está bem lá… Vejamos se a última versão do Roomba da iRobot está mais próxima do objectivo final de nos substituir, pelo menos na tarefa de aspirar a casa.

A iRobot, uma empresa americana especializada em robótica militar, foi uma das primeiras a disponibilizar no mercado de consumo um robô de aspirador doméstico chamado Roomba. O conceito destas máquinas é simples: ligar a base à corrente para carregar a bateria do robô. Depois de carregado, basta premir um botão e irmos à nossa vida enquanto a máquina nos aspira a casa.

O que é o Roomba

A última versão da família de aspiradores róbóticos Roomba é composta por quatro séries: 600, 700, 800 e 900. Apesar de todos funcionarem da mesma forma, há diferenças nos acessórios fornecidos e em algumas funcionalidades entre os mais simples da série 600 e os de topo de gama da série 900. Neste artigo vamos falar do 980.

Apesar de continuar a ser redondo, como sempre, quem já usou, ou viu os Roomba das gerações anteriores vai aperceber-se logo das diferenças de design para esta nova geração. Em primeiro lugar, a máquina que testámos tem um acabamento em plástico brilhante com tons de castanho. O painel superior só tem três botões e existe uma câmara de vídeo virada para cima que serve para mapear a sua casa durante os ciclos de limpeza.

Tal como acontecia com os modelos da geração anterior, para limpar, o Roomba, para além do sistema sucção, inclui dois rolos revestidos a borracha que rodam em direcções opostas para apanhar o lixo do chão. O lixo vai para a um depósito está instalado na traseira do aparelho, que tem um filtro de partículas para não espalhar as partículas mais finas enquanto está a trabalhar.

O depósito do Roomba 980 com o filtro de partículas.

Uma das coisas que está presente desde o primeiro modelo é a escova rotativa instalada na parte da frente (ou o que se convenciona ser a frente, visto o Roomba ser redondo). Esta escova serve para limpar nos cantos e as zonas que o Roomba tem alguma dificuldade em chegar por causa da sua forma. Também empurra a sujidade para o caminho do robô para poder ser apanhada pelos rolos.

O Roomba 980 tem um sensor que detecta quando o dispositivo está em cima de um tapete e liga o modo ‘Boost’ que aumenta a potência de aspiração para tentar apanhar o máximo de sujidade que possa estar nesse tapete.

Outra novidade deste modelo é ter ligação Wifi e uma aplicação que serve para várias coisas: Por exemplo, pode definir horários de funcionamento, actualizar o firmware do robô e receber avisos quando o depósito está cheio, a bateria está descarregada ou quando algo corre mal e ele fica preso. Quando o robô completa uma tarefa, é gerado um mapa dos sítios por onde passou que consegue indicar onde é que estão os pontos mais sujos.

Dentro da caixa vai encontrar também dois pequenos paralelepípedos que têm duas funções:

Parede virtual. Neste modo o utilizado consegue definir sítios onde o Roomba não deva ir.

Farol. Este modo é o contrário da parede virtual. Serve para atrair o aspirador para uma zona específica.

O dispositivo de “parede virtual”.

Por exemplo, se quiser que o robô não entre numa determinada divisão ou zona da sua casa enquanto está a limpar, coloque um dos dispositivos em modo de parede virtual à porta. Assim que o sensor de infravermelhos do Roomba detectar o sinal do dispositivo, volta para trás.

E isto tudo funciona?

Sim e não. Como veremos mais à frente.

Depois de ligarmos o Roomba ele começa logo a circular num padrão de grelha desenhando percursos que se intersectam à procura das paredes para depois começar a limpar nos limites da divisão onde se encontra. Este funcionamento é diferente do dos outros Roomba que já testei, visto que os outros privilegiam percursos praticamente todos em diagonais. Parecem bolas de snooker numa mesa.

Assim que o Roomba detecta um obstáculo, volta para trás, quando encontra o mesmo obstáculo uma segunda vez, vai tentar rodeá-lo para limpar à volta dele.

O sistema de detecção de tapetes funciona bem. Apesar de, por vezes, quando deixa de estar em cima do tapete ele ainda pense que lá está e mantém o sistema de aspiração em potência mais elevada.

Eu tenho dois gatos em casa, e qualquer pessoa que tenha gatos sabe que, principalmente no Verão, eles largam pêlo até mais não. Neste ambiente um pouco difícil para qualquer aspirador, o Roomba foi um pouco “bipolar”.

No chão de madeira, conseguiu apanhar praticamente tudo e fiquei francamente admirado com a quantidade de pêlo que cabe no pequeno depósito do robô.

Já nos tapetes…

Os tapetes que tenho em casa não são daqueles com pêlo mais longo. Por isso pensei que fosse relativamente fácil ao Roomba apanhar pêlos em cima deles. E sim, ele apanhou alguns, mas para que a coisa fique bem feita, o utilizador terá de juntá-los em pequenos tufos para simplificar a tarefa do robô.

Outra questão que tem de ser melhorada é a parte do software que permite ao robô livrar-se de situações em que fica preso. Este Roomba conseguiu ficar preso nos sítios mais estranhos como por exemplo num canto entre dois sofás, só porque achou que o limite do tapete era um obstáculo intransponível.

A app funciona perfeitamente e é sempre cool estar na redacção e mandar o robô aspirar-nos a casa com o toque num botão no ecrã do smartphone.

A bateria dura mais ou menos uma hora, o que dá para limpar cerca de um terço da minha casa. Mas penso que num T2 ou T3 de dimensões médias, uma carga consiga chegar para a casa toda. Mas, ao contrário dos outros, este Roomba 980 quando fica sem bateria não dá a tarefa como terminada. Volta à base e depois de carregado retoma a limpeza onde parou. Esta é a vantagem de ter uma câmara que grava os sítios por onde o Roomba passou.


Veredicto

Ter um robô que nos limpa a casa é excelente, mas infelizmente a tecnologia ainda não chegou ao ponto de substituir a limpeza feita por um humano. Serve perfeitamente para manter o chão da casa limpo durante a semana. Mas terá sempre de fazer uma limpeza mais a fundo de tempos a tempos. Isto porque ainda tem algumas dificuldades com os tapetes e não chega de todo aos sítios onde não cabe.

Este Roomba 980 é caro. Custa pouco mais de 1000 euros. Ainda assim, se quiser mesmo um robô destes e não se importar de não ter câmara e ligação wifi, mais vale comprar um da série 700 que faz mais ou menos o mesmo que os das série 9000, mas com uma enorme vantagem: é muito mais barato.

Mais informação no site da iRobot em português.

Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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