Review – iPhone 7

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 11 min

Este ano, o novo dispositivo apresentado pela Apple chama-se, como não poderia deixar de ser, iPhone 7. Mas, na realidade trata-se do 15.º modelo de smartphone que a Apple lança desde 2007, contando com o primeiro modelo, que não chegou a ser vendido em Portugal, e também com todas as versões intermédias.
O modelo de 2016 do iPhone também foi disponibilizado em dois modelos: o iPhone versão “normal” com ecrã de 4,7 polegadas e a versão Plus, com ecrã de 5,5 polegadas. Ambos partilham as mesmas características técnicas com excepção de cinco pontos: o tamanho do ecrã, a capacidade da bateria, a velocidade do processador, a câmara fotográfica e, naturalmente, o peso.

Mais poder de processamento
O iPhone 7 inclui algumas novidades, interna e externamente, como é habitual. Falemos primeiro da parte de dentro, onde a Apple finalmente decidiu colocar um processador com quatro núcleos que podem trabalhar a velocidades diferentes consoante a carga de utilização. Infelizmente, a marca não divulgou muitos detalhes sobre o novo CPU – a única coisa que se sabe ao certo é que funciona a 2,23 GHz e alguns rumores dizem que pode mesmo chegar aos 2,45.
A memória RAM também foi ampliada, mas apenas na versão Plus que agora tem 3 GB; o iPhone 7 normal continua com apenas 2 GB. Além da velocidade de processamento acrescida, a Apple não divulgou muitos detalhes técnicos acerca da GPU do iPhone 7. Sabe-se apenas que tem seis núcleos, como o da geração anterior. O espaço de armazenamento também foi completamente actualizado. A oferta começa agora nos 32, passa para 128 e acaba nos 256 GB.

“Adeus” ao jack e espaço para mais bateria
Duas das outras alterações que a Apple fez no interior do iPhone 7 ficam a dever-se, segundo a empresa, a uma alteração feita no exterior. E que alteração! A Apple confirmou os rumores que circulavam há já muito tempo e removeu a entrada de 3,5 mm para auscultadores. Esta decisão libertou espaço dentro dos novos iPhones, que foi usado para aumentar um pouco a bateria, logo a sua potência.
Por exemplo no iPhone 7 normal, passa esta para os 1960 mAh (mais 245 mAh que o iPhone 6s). O “adeus” ao jack permitiu também o reposicionamento do Taptic Engine, o nome pomposo que a Apple dá ao motor de vibração, que serve para imitar o feedback táctil da pressão do dedo num botão físico, quando este não existe na realidade. Por dentro foram estas as mudanças.

Duas câmaras para quê?
Do lado de fora já mencionei a remoção do jack de 3,5 mm. Mas não foi tudo. A Apple removeu também o botão Home físico, que agora é só um circulo na parte de baixo do ecrã e que apenas contém o sensor de impressões digitais. No iPhone 7, quando se carrega no botão Home, o feedback táctil que recebe vem do motor de vibração. De resto, os botões estão nos mesmos sítios e têm as mesmas funções que já tinham.
Na parte de trás está a última alteração à estrutura exterior que vale a pena mencionar: a câmara. O iPhone 7 ganhou um estabilizador de imagem óptico, bem como uma maior abertura para melhorar as fotos com pouca luz. Já o 7 Plus ficou com duas câmaras: uma para fotos normais e outra para zoom. As duas câmaras não trabalham em simultâneo. Quando se tira uma foto sem ampliação usa-se a tradicional, quando se amplia a imagem entra em funcionamento a câmara para zoom, que só vai até 2 x em zoom óptico. Em ambos os modelos, as câmaras têm 12 MP.

O ecrã fica na mesma, mas o iOS não…
Tanto no 7, como no 7 Plus, o ecrã oferece a mesma resolução dos modelos anteriores: 750 x 1334 e 1080 x 1920 pixeis respectivamente. A densidade de pixels também não foi alterada. No campo do software, o iPhone 7 traz o renovado iOS 10 que, entre outras novidades, inclui uma nova “cara” para as notificações, a possibilidade de se remover apps de sistema que não se usam, como por exemplo a malfadada app que dá as cotações das acções da bolsa, bem como novas versões de todas as aplicações padrão, como o Mail ou os Mapas. Sem se poderem apagar continuam a Encontrar (para descobrir um iPhone perdido), a Atividade (que recolhe dados de exercício físico do Apple Watch) e o Safari (o navegador de Internet padrão do iOS).

iPhone 7 vs. iPhone 6S
Tivemos oportunidade de experimentar um iPhone 7 que, em termos de dimensões, peso e textura se assemelha muito ao 6S, tirando a lente da câmara que é claramente maior. Também uma nota para o desaparecimento das duas linhas, no topo e em baixo, que separavam o chassis das antenas do smartphone. Agora está tudo mais harmonioso na traseira do iPhone. A qualidade do ecrã é sensivelmente a mesma, as cores parecem um pouco mais vivas que as dos modelos anteriores.
A resposta das aplicações e a experiência de utilização é também igual à que se tem com o modelo anterior. Inclusive, se instalou o iOS 10 no seu iPhone 6, não vai sentir, praticamente, qualquer diferença!
Contudo, há um aspecto a que, se já for utilizador de iPhone, se vai demorar a habituar: o botão Home, que agora é virtual, simplesmente não tem o mesmo toque. A Apple já usa este sistema há anos no MacBook e consegue reproduzir fielmente o toque de um trackpad real, mas desta vez, no iPhone, não conseguiu fazer o mesmo. Parece que se está a clicar em seco, apesar de o botão vibrar. Aqui há espaço para melhorias. Muito…

Fotografia com mais qualidade
Um dos pontos mais abordados na apresentação do iPhone foi a qualidade da câmara. Como utilizador de iPhone, posso dizer que, realmente, a câmara tem mais qualidade. O tempo de foco com pouca luz foi substancialmente melhorado. Nestas situações, o ruído da imagem também foi reduzido e, por isso, a qualidade geral das fotos com pouca luz melhorou bastante. As fotos com luz mais abundante continuam com a boa qualidade a que o iPhone já nos tinha habituado.

Teste ao desempenho
Neste momento temos um historial de 73 smartphones medidos desde 2014. Nesta lista entra todos os modelos, desde smartphones topo de gama até aos mais baratos. Se escolhermos, os cinco melhores, incluindo o iPhone 7, podemos concluir que nos testes de desempenho que conseguimos executar em todos os modelos (AnTuTu e 3D Mark), o novo smartphone da Apple ganha claramente. Já no teste de bateria, fica a meio da tabela.

Antutu: 178 397 3D Mark Ice Storm Unlimited: 37 780 Bateria: 600 minutos

Finalmente: para onde foste, jack?

Já muito se discutiu sobre a falta, ou não, que um jack de 3,5 mm faz num smartphone. Objectivamente, apesar de ter tido a «coragem» de remover esta entrada, como disse Phil Schiller na apresentação, a empresa tentou acalmar a sua própria consciência e o público através da inclusão na caixa de um adaptador de Lightning para jack de 3,5 mm, que permite a utilização de auscultadores comuns com o iPhone 7. Pessoalmente, penso que esta alteração não passa de um pormenor, mas um pormenor que até pode criar um factor extra de diferenciação interessante nos produtos de outros fabricantes. O que não consigo perceber é como é que esta “coragem” se traduz num ganho para os consumidores, como também disse Schiller durante a apresentação.
Como seria de esperar, para conseguir que os auscultadores, que são um dispositivo analógico, possam ser ligados através da ficha Lightning, que é digital, a Apple teve de colocar um conversor analógico/digital na própria ficha. Enquanto que é realmente um feito de miniaturização, cria o problema de que a qualidade de um conversor destes nunca chega perto à de um “a sério” que está integrado no processador, ou à parte, na motherboard do smartphone.
O ganho está onde? Na qualidade de som? Só pode acreditar nisso quem é “fanboy primário” ou quem não percebe minimamente como funciona um par de auscultadores, quaisquer uns, mesmo os que usam as fichas Lightning da Apple. Enquanto que, de certo que é impossível mostrar a razão aos primeiros, para os últimos há sempre este link.

Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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