Tire mais partido do seu SSD

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 15 min

Os SSD são os suportes de armazenamento mais rápidos da actualidade, mas muitas vezes pode não estar a tirar o máximo partido da velocidade extra que estes discos podem oferecer. Por isso vamos dar-lhe umas dicas para obter o máximo da performance que esta tecnologia pode oferecer.

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Windows 7 ou 8, um computador com SSD com a última versão do firmware. E também a última versão dos drivers para o chipset do seu computador.

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A aumento instantâneo de desempenho que se obtém ao mudar de um disco rígido mecânico para um SSD (Solid State Drive) que usa memória flash é muito mais visível do que quando se faz uma actualização de processador ou quando se acrescenta mais memória ao computador.

Com efeito, mais nenhum componente transforma tanto a experiência de utilização de um computador como um SSD.
Existem por aí muitos tutoriais e sites cheios de conselhos acerca de como usar um disco SSD como deve ser para obter o máximo de desempenho possível. O nosso objectivo com este artigo é dar-lhe um guia definitivo para afinar o seu SSD de uma vez por todas.

Leitura e escrita

Optimizar um SSD não é a mesma coisa que optimizar um disco mecânico, até porque com esta tecnologia os valores das taxas de transferência linear dados pelos fabricantes não querem dizer muito, mas continuam a ser publicados por causa do marketing. Os valores que realmente interessam são os que se referem à gravação aleatória de dados, porque é aquilo que o disco faz mais vezes, mas também são os dados menos interessantes de divulgar.
Por isso, a optimização da escrita aleatória de dados é a parte mais importante da optimização do SSD.
No entanto, tem de ter em atenção que a memória flash usada nos discos SSD degrada-se ao longo do tempo, por isso tem de ter cuidado com as optimizações do SSD. O Windows 7 foi feito antes de os SSD se popularizarem, por isso não está optimizado para cuidar deste tipo de discos e, consequentemente, pode reduzir o tempo de vida útil do seu SSD ao longo do tempo. Já o Windows 8 é melhor, mas ainda não está perfeito.
Existem três áreas importantes na optimização de um disco SSD: as especificações da motherboard e a configuração da BIOS são o ponto de partida, de seguida a optimização do sistema operativo e por fim a utilização de software extra.

Hardware

As hipóteses de o seu SSD usar a norma SATA 3 são muito grandes, o que quer dizer que o seu disco consegue, teoricamente, funcionar a uma velocidade máxima de 6 GB por segundo. Por isso é muito importante que sua motherboard também suporte esta norma para que consiga tirar o máximo de velocidade do seu disco. Idealmente, as entradas SATA 3 devem estar ligadas directamente através do chipset da motherboard e não através de chips controladores externos, como acontece em motherboards mais baratas. Isto deve-se ao facto de, apesar de estes controladores suportarem a largura de banda da norma SATA 3, não estarem integrados no chipset, o que cria um engarrafamento no tráfego de dados.
As motherboards que quase de certeza incluem uma controladora SATA 3 no chipset são as que usam o chipset Z68 da Intel e os da série AMD 9.

A segunda coisa a verificar é se a BIOS está configurada para usar as portas SATA em modo AHCI e não em modo IDE, porque só assim é que consegue usar a norma SATA 3.

Depois de fazer estas alterações está na hora de se virar para o software. Certifique-se de que tem as últimas versões dos drivers e firmware para a sua motherboard. Procure-os no site do fabricante.
Resta falar do Windows. O sistema operativo faz uma série de coisas em segundo plano que não são de todo necessárias se tiver um SSD, como por exemplo as desfragmentações do disco, a criação de pontos de restauro ou a reindexação constante do conteúdo do disco. Por isso vamos desligar tudo isto.

De todas as funcionalidades a desligar, a que é mais inútil nas máquinas com SSD é a desfragmentação automática do disco, que, para além da inutilidade, se estiver ligada pode reduzir muito o tempo de vida do disco.
Esta funcionalidade está ligada de série no Windows devido ao facto de a grande maioria dos computadores ainda incluírem um disco mecânico, que perde muita velocidade porque à medida que se vai usando o sistema gravam-se e apagam-se muitos ficheiros, o que deixa muitos espaços livres no disco que não são contíguos, o que faz com que as cabeças de leitura e gravação tenham de percorrer distâncias maiores à procura dos dados. Nos discos SSD não existem cabeças de leitura e gravação, por isso o acesso à informação é quase instantâneo.

Estas é teoria da optimização de um sistema para tirar o máximo partido da presença de um disco SSD. Agora vamos passar à prática.

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O que quer dizer?

NAND

É o nome que se dá ao tipo de memórias mais comuns usadas em discos SSD, pen drives e cartões de memória como os que usa na sua máquina fotográfica.

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Verificar se o TRIM está a funcionar como deve ser

1. Linha de comandos

Se estiver a usar o Windows 7 clique no botão Iniciar e escreva “CMD”. No menu Iniciar vai aparecer o ícone da linha de comandos, clique com o botão direito em cima dele e escolha ‘Executar como Administrador’. Se estiver a usar o Windows 8, simplesmente escreva “CMD”, no menu clique com o botão direito do rato no ícone e escolha ‘Executar como administrador’.

2. Ver se está a funcionar

Antes de ligar ou desligar o TRIM convém saber se já está a funcionar, por isso, na janela da linha de comandos escreva: “fsutil behavior query DisableDeleteNotify” e prima ‘Enter’. Este comando só funciona se tiver privilégios de administração do sistema, que em princípio obteve no passo anterior. Depois de premir a tecla Enter o comando só vai retornar “0” ou “1”. Se for “0” indica que o sistema está a funcionar, se for um “1” passe para o passo seguinte.

3 Activar o TRIM

Escreva “fsutil behavior set DisableDeleteNotify 0” e prima ‘Enter’. Apesar de a linha ser semelhante à do passo anterior neste caso está a dizer ao sistema para ligar o TRIM.

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Desligar as funcionalidades desnecessárias do Windows

1. Desligar a indexação do conteúdo do disco

Esta funcionalidade só reduz a performance dos discos SSD, por isso vamos desligá-la. Na janela ‘O Meu Computador’ clique com o botão direito do rato no ícone do disco SSD, no menu que aparece escolha a opção ‘Propriedades’, no fundo da janela está a opção ‘Permitir que os ficheiros deste disco seja indexados’, desligue-a. Clique em ‘Ignorar’ na janela que aparece depois. Depois é só esperar um bocado para o processo acabar.

2. Desligar a desfragmentação automática

Ainda na janela das propriedades da drive SSD clique no separador ‘Ferramentas’ e depois clique no botão ‘Desfragmentar Agora’. Não vamos passar pelo processo todo, vamos meramente aceder à opção horário de desfragmentação e desligar todos os horários programados para esta drive.

3. Desligar opções de aceleração da busca do sistema operativo

No menu Iniciar escreva “regedit” e prima ‘Enter’. No programa procure ‘HKEY_LOCAL_MACHINESYSTEMCurrentControlSetControlSessionManagerMemory ManagementPrefetchParameters’.
Clique em ‘superfetch’ e ‘prefetch’ para fazer aparecer as respectivas janelas e mude os valores para “0”. Quando acabar terá de reiniciar o computador para que as alterações sejam assumidas. Depois de o computador estar a funcionar aceda ao menu Iniciar e escreva “services.msc” para ver o painel de controlo dos serviços, procure ‘Windows Search’ e ‘superfetch’ e desligue-os.

4. Desligar a Reciclagem

Para dar uma velocidade extra pode desligar também a Reciclagem. Para o fazer clique com o botão direito do rato na Reciclagem e escolha a opção ‘Propriedades’, escolha a drive SSD e escolha ‘Não mover ficheiros para a Reciclagem’.

5. Gráficos desnecessários

Pode ainda ganhar uns segundos desligando o ecrã de arranque do Windows. No menu Iniciar escreva “msconfig” e prima ‘Enter’, aceda ao separador ‘Arranque’ e ligue a opção ‘No GUI Boot’. Já que está no programa pode desligar ainda os programas de arranque de que não precisa e que só servem para atrasar o arranque do Windows.

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O que é o TRIM

Num disco rígido mecânico, quando apaga um ficheiro o sistema operativo apenas vai à tabela onde está a informação sobre que sectores do disco estão ocupados ou livres e indica que os sectores do disco que estavam ocupados ficaram livres porque o utilizador apagou o ficheiro que os ocupava.

Se o utilizador gravar outro ficheiro no disco o sistema pode usá-los logo. No caso dos SSD isto não funciona.

Os SSD não podem gravar dados em zonas ou células de memória que estavam ocupadas sem antes as limpar fisicamente. É aqui que entra o comando TRIM: quando o disco marca que a zona ocupada por um ficheiro está livre, o comando TRIM confirma que é mesmo seguro desocupar essa zona para que depois possa ser usada novamente.

Devido ao facto de as células de memória dos discos SSD terem um número finito de ciclos de escrita/apagamento, o TRIM faz a gestão das zonas que podem ser escritas e apagadas de forma a que toda a memória que compõe o SSD sofra um desgaste o mais uniforme possível.

Embora o TRIM esteja incluído no firmware do disco, a sua execução está dependente do sistema operativo e apenas os Windows 7 e 8 o suportam.[/alert]

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Criar uma partição de “over-provisioning” no seu SSD
Como explicámos anteriormente, o funcionamento dos discos SSD é bastante mais complexo que o dos discos mecânicos tradicionais, principalmente porque, como referimos, antes que um bloco de memória possa ser reutilizado tem de ser apagado na totalidade. Por isso, a grande maioria dos discos SSD suporta um sistema chamado “over-provisioning”, que usa um pequeno espaço do disco não formatado como uma espécie de buffer que serve para colocar os dados temporariamente enquanto a controladora do disco procura e apaga o espaço necessário quando grava um ficheiro para o disco.
A presença de uma destas partições tem dois efeitos: o disco funciona mais rapidamente e dura mais.

1. Limpeza

O processo de criar uma partição “over-provisioning” tem de ser feito usando um disco SSD completamente limpo. Isto porque, quando existem dados gravados o sistema de redimensionamento de partições do Windows tem alguma dificuldade em funcionar em SSD.
Por isso, antes de começar formate todas as partições. Não se esqueça de que não deve fazer isto num disco com sistema operativo ou a sua máquina vai deixar de funcionar.

2. Fazer as coisas à mão

Se o fabricante da sua drive não tiver software que crie uma destas partições automaticamente terá que fazer tudo à mão. Clique com o botão direito do rato no ícone ‘Meu Computador’ e escolha a opção ‘Gerir’. Depois ‘Gestão de Discos’

3. Redimensionar as partições

Escolha uma partição, clique com o botão direito do rato e escolha ‘Reduzir Volume’. O espaço a libertar deve ser, no mínimo, 10% da capacidade total do disco. Por exemplo, se o disco for de 250 GB, o espaço a libertar deverá ser 25 GB.

4. Com software

Muitos fabricantes disponibilizam software para fazer isto automaticamente, como é o caso da Samsung, cujo software permite fazer tudo isto com um único toque do rato.

Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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