Microsoft Xbox One, ou como estar à beira do precipício e ter a coragem de dar o passo em frente!

Há seis anos, recebi uma Xbox 360 da Microsoft aquando da apresentação em Portugal. Era branca e o melhor que jamais tinha visto até à data.

XBox One

Como jornalista de tecnologias desmontei-a para fotografar as suas entranhas e depois voltei a montar tudo (não, não sobraram parafusos). A consola funcionou anos a fio até que chegou o dia inevitável em que o maldito defeito de concepção da Xbox 360 original fez a sua aparição e com ele o famoso “anel da morte” que indicava que a consola estava com um problema grave.

 

Segui o processo normal, pedi suporte e, dias depois, apareceu um senhor da UPS para levantar a consola para a enviar para o centro de manutenção europeu.

Cerca de três dias depois, a consola é-me devolvida. Pensei: isto é que é eficácia!

Mas dentro da caixa branca estava uma cartinha a dizer que não tinham tocado na consola porque a tinha aberto. Por muitas explicações que desse eles partiram do princípio que eu abri a consola para alterar o firmware a fim de correr software pirata.

Apesar de explicar que queria pagar o que fosse preciso pelo arranjo eles foram inabaláveis: foi aberta, não se arranja!

Este é um dos muitos exemplos da paranóia a que algumas organizações chegam.

O caso acabou por ser resolvido (e bem) pela Microsoft portuguesa. O único reparo que tenho a fazer é que se não fosse jornalista e o meu filho de 10 anos se lembrasse de abrir a consola para ver o que lá dentro e isto acontecesse ficaria com um pisa-papéis de 300 euros e a Microsoft perdia (mais um) cliente.

Agora, anos depois, eis que a Microsoft lança a nova Xbox One e, na ânsia de perder lucros futuros, e por isso, ainda imaginários, decidiu voltar a tratar os seus futuros clientes como potenciais criminosos e encheu o novo modelo de todos os meios anti-cópia e anti-partilha ou venda de jogos em segunda-mão possíveis e imaginários:

Por exemplo, o facto de ser necessário estar-se ligado à Internet para poder jogar pela primeira vez um qualquer título comprado numa loja física, não poder emprestar ou vender jogos facilmente ou ainda, a mais recente situação surreal reportada pelo site Eurogamer que indica que, devido às restrições territoriais da consola, um developer de um país onde a consola não esteja disponível não vai poder vender os seus produtos no seu próprio país, porque não poderão ser autenticados na rede da Microsoft como mandam as regras do sistema de segurança, porque essa mesma rede ainda não está disponível nesse país…

Já nem falo do facto de ser possível que a consola nem chegue a ser vendida em Portugal.

Mas a Microsoft ainda tem pés para dar mais tiros?!?

Olhem que o japoneses, tidos como as pessoas mais enfadonhas do mundo, até já fazem vídeos a gozar convosco!