Baterias & Pilhas – Mitos & Dicas

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 23 min

As pilhas e as baterias estão para ficar nas nossas vidas, seja nos comandos à distância dos televisores, seja nos computadores mais avançados.

A quantidade de informação acerca deste componente essencial para fazer trabalhar qualquer dispositivo móvel, fez-nos escrever este texto que tem como propósito esclarecer algumas dúvidas, desfazer alguns mitos e dar-lhe dicas para melhorar o tempo de vida das baterias dos seus gadgets. Não estamos a referir-nos só ao tempo de vida entre cargas, mas também ao tempo de vida da bateria antes de ser necessário substitui-la.

Pilhas

Vamos começar pelas pilhas.

Há muitos mitos acerca das pilhas, como as conservar e manter a sua carga quando não as está a usar. Aqui ficam alguns:

Se guardar as pilhas no frigorífico duram mais?

[toggle_simple title=”Como funcionam as pilhas?” width=”620″]

As pilhas e as baterias partilham o mesmo princípio básico de funcionamento:

Uma peça chamada cátodo (que corresponde ao pólo positivo) e outra peça chamada ânodo (que corresponde ao pólo negativo), estão separadas por um líquido ou gel que se chama electrólito. Quando se completa o circuito eléctrico entre os dois pólos inicia-se uma reacção química que gera energia. A intensidade dessa reacção química e o material de que são feitos os ânodos, os cátodos e o electrólito vai definir a quantidade de corrente eléctrica que é gerada.

No caso das pilhas recarregáveis, a reacção química que gera a energia eléctrica pode ser invertida, o que faz com que a pilha acumule energia.

Se quiser saber mais dê uma vista de olhos a este PDF (em inglês).

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Normalmente os fabricantes aconselham a que as pilhas sejam mantidas à temperatura ambiente e em locais secos.

Segundo o que conseguimos apurar a maioria é da opinião de que existe, na realidade, uma relação causa/efeito entre a vida das pilhas e o calor excessivo. Por isso se viver num sítio realmente quente não perde nada se guardar as pilhas num frigorífico para que depois durem um pouco mais quando as estiver a usar.

De acordo com a maioria dos testes feitos, o ganho pode apenas subir cerca de 5%, o que se calhar não compensa o espaço que ocupam no seu frigorífico.

Não ligue aos rótulos

Os fabricantes de pilhas têm a tentação de colocar coisas como “Heavy Duty”, “Extra Heavy Duty”, “Long Life”, etc. Para tentarem diferenciar os seus produtos. Tudo isso não passa de marketing…

Se der uma vista de olhos a este teste em grupo a 10 modelos de pilhas vai reparar que as capacidades estão todas mais ou menos a par, qualquer que seja o fabricante e modelo e o que diz na embalagem…

Dicas para pilhas não recarregáveis

Não deixe pilhas dentro dos dispositivos se não os usar durante muito tempo

Sejam pilhas alcalinas ou ácidas, o electrólito que está dentro das pilhas não recarregáveis é corrosivo e começa a dissolver o material que compõe a pilha assim que começa a ser usada e continua muito para além da pilha ter a sua capacidade completamente esgotada. Apesar das pilhas modernas serem bastante mais resistentes que as antigas, eventualmente esse líquido consegue vencer o material da pilha e passa para o dispositivo danificando-o.

Não misture pilhas diferentes

Tudo o que é dispositivo que leva pilhas tem este aviso, mas parece um pouco demais não poder misturar pilhas do mesmo tipo. Há uma razão objectiva que não se prende com o dispositivo em si, mas com as pilhas:As voltagens produzidas pelos diferentes tipos de pilhas dependem dos químicos que estão lá dentro: As alcalinas produzem cerca de 1,523V, as de ácido 2,2V, as recarregáveis de níquel produzem 2,2V e as de lítio 3,7V.

O que pode acontecer, por exemplo, se misturar uma pilha alcalina com uma pilha com ácido é que a mais potente “obriga” a menos potente a acompanhá-la o que pode fazer com que a menos potente rebente, ou em casos extremos, expluda. Em qualquer dos casos não obtém qualquer vantagem em fazê-lo.

Dicas para pilhas recarregáveis

Carregue as pilhas à temperatura ambiente para melhorar a sua performance.
Mantenha os contactos limpos porque se estiverem sujos podem fazer com que o carregamento demore mais tempo e também podem originar sobreaquecimento da pilha ou do carregador.

Baterias

As baterias que equipam os nossos computadores portáteis, smartphones ou leitores portáteis são basicamente pilhas recarregáveis que são fabricadas com formas que se adaptam ao dispositivo em que vão ser usadas. Aliás muitas baterias usadas em computadores portáteis têm lá dentro vários objectos que se assemelham muito a pilhas normais, que estão ligadas de forma a fornecer a carga necessária para que o dispositivo funcione.

Tal como numa pilha normal, as baterias funcionam através de uma reacção química que gera energia. No entanto, essa reacção pode ser invertida para que a bateria carregue.

As baterias modernas usam uma reacção química em que iões de lítio passam do eléctrodo negativo para o positivo. Mas, ao contrário das outras baterias, as de iões de lítio usam um material que é composto por uma “sanduiche” de um composto de lítio com outro material para o cátodo e um composto de Grafite ou Silício para o ânodo. A separá-los estão o electrólito e um “diafragma de separação”.

Existe uma peça extra que não está presente nas pilhas, um chip que controla os ciclos de carga/descarga dos vários elementos da bateria para que não se gastem sempre os mesmos e que serve também para dizer ao sistema de gestão de energia do dispositivo em que a bateria está instalada quando a carga está completa.

As baterias de iões de lítio oferecem muitas vantagens face à tecnologia anterior de Níquel/Cádmio, nomeadamente não sofrerem do “efeito de memória” que começava aparecer quando o utilizador não completava o ciclo de carga/descarga. Este efeito fazia com que a bateria perdesse rapidamente a capacidade de acumular energia.

Outra vantagem é a relação entre a área, o peso e a quantidade de energia que pode ser acumulada. As baterias de iões de lítio são bastante mais leves que as de Níquel e conseguem acumular muito mais energia ocupando um espaço muito mais pequeno.

Como não há soluções perfeitas, as baterias de iões de lítio também têm algumas limitações:

Têm um tempo de vida limitado que, no entanto, tem vindo a ser aumentado com o avanço da tecnologia de construção de baterias. Há 4 ou 5 anos, uma bateria destas podia ser carregada e descarregada cerca de 300 vezes até começar a perder a capacidade de armazenar energia. Hoje em dia, as baterias podem ser carregadas e descarregadas cerca de 1000 vezes até começarem a perder capacidade significativa (cerca de 20%).

As baterias de iões de lítio perdem energia mesmo se não as estiver a usar. Uma bateria perde 20% da carga no espaço de um ano sem qualquer tipo de utilização. Isto se estiver armazenada num sítio mais ou menos fresco. Se por exemplo estiver num sítio onde a temperatura suba aos 30 graus centígrados a perda pode subir para 35%.

Outro problema apresentado por este tipo de baterias é o que se chama “deep discharge”, ou descarga profunda, em que o chip que faz a gestão de energia dos vários elementos que constituem a bateria fica bloqueado, o que faz com que a bateria deixe de poder ser carregada de todo, mesmo que esteja de perfeita saúde.

Dicas gerais para baterias de iões de lítio

Estas dicas podem aplicar-se a qualquer dispositivo que use uma destas baterias.

– Não deixe a bateria descarregar por completo. Estas baterias “gostam” de ser descarregadas aos poucos.

Segundo um estudo feito pelo site Battery University, se fizer ciclos de descarga/carga de 100% vai conseguir carregar a bateria 500 vezes antes desta começar a não acumular a carga completa, se forem de 50% da bateria o valor é de 1500 ciclos se forem de 10%, 4700.

– Evite carregar a bateria sempre até aos 100%. Um valor entre os 40% e os 80% é suficiente para obter uma vida longa.

– Descarregue a bateria uma vez por mês. Ok, isto pode parecer uma contradição com que o foi escrito anteriormente, mas este procedimento é para ajudar o chip de gestão de energia e o dispositivo a obter uma leitura de carga correcta. Estas leitura vão ficando longe da realidade devido a fazer ciclos de carga/descarga ligeiros e por isso pode ser necessário recalibrar o chip e a única forma de o fazer é descarregando a bateria completamente.
– Mantenha a bateria fresca. Não utilize o seu dispositivo em sítios muito quentes. Se for um portátil, tenha o cuidado de não tapar os orifícios de ventilação. Se for um smartphone não o mantenha no bolso enquanto faz chamadas com o auricular.

[toggle_simple title=”Ressuscitar uma bateria com um frigorífico?” width=”600″]

Já tínhamos ouvido falar desta solução e investigámos alguns sites. Há quem jure a pés-juntos que funciona, outros dizem que é uma lenda urbana, mas não custa nada tentar. Este método funciona com dispositivos com baterias amovíveis como portáteis e telemóveis. Não aconselhamos a colocar dispositivos com baterias fixas no congelador.

  1. Retire a bateria do dispositivo
  2. Ponha-a dentro de um saco daqueles com fecho, próprios para ir ao frigorífico. Certifique-se que está bem fechado. Se não tiver sacos destes use papel de jornal. Neste caso embrulhe bem a bateria, não deixe nenhuma zona descoberto.
  3. Ponha o saco com a bateria no congelador e deixe-o ficar entre três a sete dias.
  4. Depois de tirar o saco do frio, não tire logo a bateria lá de dentro. Espere que atinja a temperatura ambiente. Retire a bateria do saco e espere mais um pouco para que os elementos internos da bateria atinjam também a temperatura ambiente.
  5. Examine os contactos para ver se existe condensação. Limpe-os com um lenço de papel.
  6. Instale a bateria e ligue-a à corrente. Não ligue o dispositivo, mantenha-o no estado de carregamento sem o fazer arrancar.
  7. Quando o dispositivo der sinal de bateria carregada ligue-o.

Se o processo não funcionar bem à primeira, repita.
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Se quiser ver dicas específicas para a bateria do seu computador portátil veja este artigo.

Na página seguinte, dicas para ganhar tempo de vida na bateria do iPhone e iPad

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Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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